Catarse vem com energia para se tornar um dos melhores espetáculos cênicos de 2018
O que esperar de um coletivo de jovens talentosos artistas de múltiplas nacionalidades e valências como ballet clássico, dança contemporânea, teatro, sapateado, ioga, capoeira, e muitas outras?
Sem dúvida algo rico, vigoroso, naturalmente sensual, cheio de energia e com o mesmo brilho que se encontra nos olhos de cada um dos bailarinos/artistas que não conseguem esconder (e não tentam) que são completamente apaixonados pelo que fazem.
O nosso encontro e a experiência de assistir ao “Catarse” mostrou que tudo isso estava lá em peso, mas para a nossa feliz surpresa ainda havia espetáculo pela frente.
Realizado por um coletivo de 10 bailarinos (ficha técnica completa no fim do artigo) independentes de Brasil, Portugal e Suíça, que criaram a sua própria Companhia (chama-se Motirô. Do tupi-guarani, que significa “reunião de pessoas para colher ou construir algo juntos, uns ajudando os outros”), “Catarse” mostra aquela coisa que não sabemos bem que nome dar mas que está presente em tudo que é especial e muito acima da média.
É difícil ser mais concreto sobre o espetáculo sem fazer algum spoiler, mas é fácil ver referências à eterna Pina Bausch, ao trabalho de Ryan Heffington para as canções de Sia, ou de Michael Peters em “Thriller” (Michael Jackson).
Mas isso vem das minhas referências pessoais. Você poderá ver uma infinidade de outras, da roda de capoeira a filmes de Hollywood, porque na verdade todas elas estão mas não estão lá, e essa é uma das facetas do “Catarse”. Um espetáculo extremamente diverso e imprevisível, que mantém a mente excitada por tentar prever o próximo quadro, o que é impossível.
A falta de um enredo oficial pode ser algo intrínseco à dança contemporânea, mas “Catarse” não pode ser enquadrado enquanto dança contemporânea, assim como não é uma peça de teatro, embora seja as duas coisas e mais algumas outras.
É preciso algum exercício de concentração para recordar aspectos menos bons. Nada que nos tenha saltado aos olhos durante a apresentação. Ao nosso gosto haveria alguns ajustes possíveis nos tempos da sonosplastia, bem como na duração de alguns quadros que talvez melhorassem ainda mais (ou não) a experiência do espectador. Uma questão de preferência apenas.
O nome do espetáculo não poderia ser mais sugestivo. “Catarse” significa “purificação”, “evacuação” ou “purgação”. “Purificação por meio de uma descarga emocional”. De uma forma mais ou menos subjetiva, você vai encontrar isso lá. Só assistindo…
Movimentos do cotidiano, os abstratos, os cômicos, os dramáticos. Por improvisação ou em forma de uma suposta narrativa, ainda que imaginada na sua cabeça. Elementos do teatro, representações sociais e subjetividades sexuais, quebras constantes de expectativa que aguçam o imprevisível, os conflitos humanos e as imperfeições representados em movimentos propositadamente estranhos e repetitivos, mas contextualmente muito bem inseridos e executados. Você terá isso tudo e muito mais ao assistir ao “Catarse”.
A primeira turnê do espetáculo Catarse começou em Portugal, durante o mês de Julho, entre Lisboa e Porto. Agora segue viagem pelo Brasil, enquanto busca patrocinadores para levar o espetáculo aos demais países de língua portuguesa (E além…). Se tiver sugestão de patrocinadores, escreva para a gente.
Faixa etária livre Duração aproximada: 50 minutos.
Ficha Técnica:
Direção artística/ conceção: Cacá Otto Reuss
Bailarinos criadores: Ana Luiza Gonçalves, Brigitte Wittmer, Carolina Maciel, Cacá Otto Reuss, Georgia Tonus, Giulia Castilho, Guilherme Soifer, Isabella Serricella, Joaõ Mandarino, Rebeca Goldoni.
Composição musical: Georgia Tonus
Imagens: Brigitte Wittmer
Figurino: Carolina Maciel, Giulia Castilho, Isabella Serricella
Confeção de figurino: Penha Barbosa
Desenho de Luz: Isabella Barquette, João Mandarino
Equipe de Produção/ Assistência artística: Isabela Barquette, Evandro Santiago
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