(Imagem: Reprodução novojornal)
A UNICEF realizou um evento no dia 7 de julho designado “Jango Casamento Infantil”, em Luanda, para debater uma situação recorrente em Angola – o casamento infantil e a gravidez precoce.
Neste debate a UNICEF e o Instituto Nacional da Criança mostraram preocupação com o elevado número de casamentos precoces que envolvem crianças de entre os 11 e os 15 anos.
Ana Patrícia Silva, da UNICEF Angola, afirma que “Este é um problema em termos internacionais. Angola também sofre deste fenómeno, mas não é o caso mais grave comparado com outros países, como Burkina Faso ou Níger, o que não invalida que se tenham que tomar medidas protetivas em relação às raparigas. Esta prática está relacionada com tradições, com crenças, e também com a pobreza no país”, referindo também que este problema está associado a práticas culturais e à pobreza que assola o país, segundo o DW.
A especialista destacou que “a adolescente é motivada, muitas vezes pelos próprios pais, a casar, e considera que tendo uma relação com um homem mais velho isso lhe vai dar alguma segurança económica no futuro. No entanto, a criança fica evidentemente vulnerável perante o marido que pode ser mais velho dez anos” acrescentando ainda que os rapazes também estão sujeitos mas, na maior parte dos casos, são as raparigas que sofrem deste fenómeno
Em consequência do casamento surgem outros problemas: gravidez precoce e maior risco de VIH-SIDA.
A gravidez precoce pode ser prejudicial para as adolescentes, dado que normalmente estas não se encontram preparadas fisicamente e/ou psicologicamente e, em alguns casos, têm problemas de gestação e acabam por falecer ou ficam sujeitas a cirurgias que lhes podem trazer infertilidade.
A desistência escolar e consequentes dificuldades futuras em conseguir emprego são outras das influências negativas, o que também trás efeitos desfavoráveis para o desenvolvimento do país.
A UNICEF salienta que é necessário tomar mais medidas de proteção das crianças e dar informações adequadas às comunidades, para terminar com esta prática que tira a infância às crianças e força-as a ter responsabilidades que não são adequadas para a sua idade.
Estima-se que mais de 700 milhões de mulheres do mundo se tenham casado antes dos 18 anos. A maioria dos casos ocorre no Sul da Ásia e na África subsaariana. Moçambique, Burkina Faso, Níger e Nigéria estão entre os países onde a situação é mais grave.