Caminhos para materializar o grande potencial lusófono
Acredito que os países lusófonos têm grande potencial para, em colaboração, ambicionar novos níveis de desenvolvimento assente nos três pilares da sustentabilidade: económico, social e ambiental. Um potencial real que decorre das enormes vantagens competitivas do Bloco Lusófono no contexto dos grandes desafios globais da actualidade.
Para realmente transformar este potencial em realidade, e em benefícios económico-sociais para todos os povos lusófonos, é essencial assumir uma estratégia de desenvolvimento alinhada e colaborativa, não apenas entre os vários países como dentro de cada país, entre os diversos agentes socio-económicos, nomeadamente, o sector privado, a sociedade civil e os Estados. Exige-se uma estratégia que permita explorar o potencial de um enorme mercado em grande crescimento, com vastíssimos recursos naturais, humanos, técnicos e tecnológicos, e com um enquadramento propício à colaboração e aos benefícios mútuos.
Na iniciativa privada está o potencial para a criação de emprego, de valor, de inovação e para a distribuição justa e abrangente da riqueza. Os empreendedores e as empresas devem ter tomar a iniciativa nos seus países mas também devem procurar os desafios e as oportunidades que existem nos restantes países do Bloco. As empresas e os investidores lusófonos devem capitalizar nas vantagens competitivas que têm neste espaço face a concorrentes externos. Devem, no entanto, ser também capazes de entender a especificidade de cada país, respeitando as diferenças e a soberania de cada povo, e actuando responsavelmente, aliando ao lucro económico uma procura por impacto social e ambiental positivo.
Cabe também às empresas dinamizar as câmaras de comércio e outros fóruns de colaboração empresarial, bem como a iniciativa na colaboração com o sector público em sectores estratégicos e com outros sectores, como por exemplo as universidades, nas áreas de formação, investigação e inovação.
A sociedade civil, por seu lado, deve assumir um papel activo como controlador democrático da actividade das empresas, do Estado e dos políticos, e ainda no voluntarismo cívico que endereça outras necessidades da sociedade a que nem o Estado nem as empresas respondem. Uma sociedade civil livre e activa deverá ser a força de pressão para que os agentes económicos não descurem os aspectos sociais e ambientais, e também deve assumir a iniciativa nas áreas do desporto, da cultura e da espiritualidade.
O papel dos Estados, por outro lado, não pode ser desvalorizado. Os Estados, em colaboração lusófona, devem facilitar um enquadramento nacional que promova a iniciativa privada e dê voz à sociedade civil. E devem, também, criar incentivos nos sectores estratégicos que os mercados ou não servem eficientemente ou simplesmente não abrangem. A nível supranacional é importante que exista um impulso na dinamização das relações dentro do Bloco Lusófono, nomeadamente através da criação de um enquadramento mais favorável às trocas comerciais e investimento, no sentido dafacilitação crescente da circulação de pessoas, bens e capitais.
Nestes três domínios (sector privado, sociedade civil e Estado) existem já muitos bons exemplos do tipo de iniciativas necessárias à materialização do potencial lusófono com as quais se poderá aprender e que poderão ser replicadas ou melhoradas. Vejamos exemplos de colaboração entre países lusófonos nos elevados níveis de trocas comerciais e de investimento, nas parcerias entre empresas, na colaboração entre universidades, nas diversas associações sectoriais lusófonas, nas plataformas de ONGDs lusófonas, na partilha de conhecimento entre administrações públicas, forças militares e de segurança, na solidariedade orçamental através de apoio financeiro ao desenvolvimento e nos esforços de integração feitos institucionalmente pela CPLP.
Concluindo, existe um potencial para grandes evoluções ao nível económico, social e político, que, primeiramente, elevem os países lusófonos e, mais tarde, possam ser disseminadas por outros países. Mas esta conjugação de esforços num mesmo sentido é, por si só, um enorme desafio que exige alinhamento de interesses, de crenças e até símbolos comuns. Exige um sentimento de missão com que todos os povos se identifiquem e pela qual estejam dispostas ao esforço comum.
Noutros contextos, é essa a força dos símbolos e das bandeiras nacionais. Para o Bloco Lusófono, que a nossa bandeira seja este novo modelo de desenvolvimento que, respondendo às exigências dos tempos, seja verdadeiramente sustentável, justo, equilibrado e inclusivo.
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