(Imagem: José Cruz, Agência Brasil)
O procurador-geral da Suíça Michel Louber anunciou nesta quarta-feira o bloqueio de US$ 400 milhões (R$ 1,3 bilhão) de pessoas e empresas investigadas por fraudes em contratos de empreiteiras com a Petrobras. Deste total, US$ 120 milhões (cerca de R$ 391 milhões) já foram liberados para a repatriação e US$ 90 milhões já estão em contas da Justiça brasileira. O dinheiro foi bloqueado a partir de nove investigações abertas na Suíça sobre corrupção e lavagem de dinheiro desviado da Petrobras.
— Não toleramos o uso do sistema bancário suíço para corrupção e lavagem de dinheiro — disse Lauber em entrevista divulgada pelo jornal O Globo.
Desde o início das investigações em abril do ano passado, o Ministério Público da Suíça localizou 300 contas de brasileiros em 30 bancos por onde teria sido movimentado o dinheiro desviado da Petrobras.
Até o momento, pelas informações dos investigadores brasileiros, na lista dos titulares de contas na Suíça estão o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o ex-gerente da diretoria de Serviços, Pedro Barrusco, e o ex-diretor de Serviços, Renato Duque.
Nesta semana, autoridades do Principado de Mônaco bloquearam 10 milhões de euros (R$ 34,7 milhões) do ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Jorge Zelada. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), há a suspeita de que o ex-diretor, que substituiu Nestor Cerveró, possa estar envolvido no esquema de corrupção.
Coincidência ou não, a presidente Dilma Rousseff anunciou hoje um pacote anticorrupção, com propostas para inibir e aumentar a punição a irregularidades na administração pública.
Aposta do governo para atender às cobranças de parte da população aos recentes escândalos de corrupção, o pacote reúne projetos que já tramitam no Legislativo sobre o tema e novas propostas elaboradas pelo Executivo:
1 – Criminalização da prática de caixa 2;
2 – Aplicação da Lei da Ficha Limpa para todos os cargos de confiança no âmbito federal;
3 – Alienação antecipada dos bens apreendidos após atos de corrupção para evitar que não sejam usados por agentes públicos e possam ser vendidos por meio de leilão;
4 – Responsabilização criminal de agentes públicos que não comprovarem a obtenção dos bens;
5 – Confisco de bens dos servidores públicos que tiverem enriquecimento incompatível com os ganhos.
Alvo de protestos por todo o país no último domingo – especialmente, por conta do esquema de corrupção que atuava na Petrobras –, a presidente da República ressaltou, em meio ao seu discurso, que a corrupção “ofende e humilha os trabalhadores“, além de “diminuir a importância do trabalho honesto” e que, por isso, é preciso “investigar e punir os corruptos e corruptores de forma rápida e efetiva“.
>> Entenda a situação política no Brasil em artigo do colunista Caue Fonseca