(Imagem: Reprodução da fotografia de Hugo Salvaterra para Rede Angola)
Depois do prémio de melhor representação nacional em 2013, recai sobre António Ole a responsabilidade de dar a conhecer e representar Angola na Bienal de Veneza de 2015. A bienal teve início dia 9 de maio e estará aberta ao público até o dia 22 de novembro, estando a exposição angolana montada no Palazzo Pisani, São Marcos.
Com Ole viajaram mais quatro artistas, de diferentes gerações e orientações artísticas para representar uma pluralidade de estágios da história angolana. Francisco Vidal, Délio Jasse, Nelo Teixeira e Binelde Hyrcan mostram assim os seus trabalhos em todas as zonas da exposição. O título, On Ways Of Travelling, confere mesmo essa sensação de viajar pela história, passando de um criador para outro, num diálogo de gerações.
Unidos por laços artísticos e raízes do mesmo país, mostram com a sua arte um pouco das transformações radicais da sociedade angolana nos últimos anos. Francisco Vidal criou uma pele metálica de catanas, símbolo da resistência angolana representado na bandeira, para base das suas pinturas. Nelo Teixeira usa a madeira como estrutura para trabalhar os objects trouvés com que procura construir narrativas paralelas e Binelde Hyrcan tem uma instalação e um vídeo sobre os efeitos dramáticos do impacto das decisões abstratas da política na vida comum.
“Esta exposição consegue expressar o movimento dos jovens artistas angolanos, que é um movimento de muita força e muito estimulante”, afirmou à Lusa a curadora, Rita Guedes Tavares, coordenadora do projeto E.studio, convidada por Ole para ser a comissária do pavilhão. “Interessa-nos desenvolver arte como pensamento crítico e os nossos trabalhos refletem ideias, questões, conceitos. A carga intelectual do nosso trabalho é a nossa força”, afirmou Ole, reforçando que é uma “passagem de testemunho”, dele, que atinge em breve 50 anos de carreira, para os jovens artistas do país.