2019 está à porta, mas ainda são precisos 202 anos para as mulheres alcançarem igualdade salarial
Estamos em contagem decrescente para vivenciarmos a mudança de ano. Normalmente, durante esta época, são estabelecidas novas metas para o futuro, delineados novos caminhos e realizados balanços cognitivos e profissionais. No entanto, apesar dos festejos que marcarão a mudança de ano, continuam a existir erros crassos e evidentes na forma como a sociedade tem sido estratificada. Com o intuito de os quantificar, o Fórum Económico Mundial divulgou um relatório sobre a desigualdade salarial, já que a dessemelhança com base no género continua a ser uma realidade. Segundo os dados divulgados pela organização, serão necessários 202 anos para alcançar uma plena igualdade nas oportunidades económicas entre homens e mulheres. Por isso, façamos contas e reflexões.
Na Europa Ocidental, parte do continente onde Portugal está inserido, serão necessários 61 anos para que a igualdade de género seja consagrada. Segundo o relatório sobre Desigualdade de Género, divulgado pelo Fórum Económico Mundial, o território português caiu quatro posições, quando comparado com o ano passado, surgindo agora no 37.º lugar no ranking mundial, entre 149 países.
O estudo anual foca-se na análise de fatores como o empoderamento político, a igualdade salarial e os acessos aos serviços de saúde e de educação. Observações feitas, concluiu-se que a Islândia é o país que mais promove a igualdade de género, voltando a ocupar o lugar do pódio pela décima vez consecutiva. Em segundo lugar, surge a Noruega, seguida pela Suécia, Finlândia, Filipinas, Irlanda, Nicarágua, Ruanda e Namíbia.
A desigualdade salarial continua a ser considerada um dos campos mais preocupantes. Segundo o relatório, a nível global, seriam precisos 202 anos – de debates acesos e medidas políticas – para alcançar a plena igualdade nas oportunidades económicas, entre ambos os géneros. Tendo em conta a análise deste setor, Portugal surge com uma das piores posições, ocupando o lugar 103 em 149 lugares.
A análise mais recente do Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (GEP-MTSSS), relativa ao ano de 2016, revelou que os salários médios das mulheres portuguesas são 15,8% inferiores aos dos homens. Em terras lusitanas, neste momento, as mulheres, para ganharem tanto quanto os homens, precisariam de trabalhar quase dois meses mais (58 dias) do que eles, representando uma diferença salarial de cerca de 160 euros mensais.
Onde estão as faltas de oportunidade?
O contraste entre géneros fica mais carregado quando o assunto analisado é a política. Nos últimos 50 anos, o tempo médio de atividade de uma mulher, como primeira-ministra ou chefe de Estado, foi essencialmente de dois anos. Segundo a análise, em 149 países, existem apenas 17 mulheres a desempenharem cargos de chefia estatal ou governamental.
O documento, elaborado pelo Fórum Económico Mundial, revelou ainda que, entre todos os dirigentes mundiais, somente 34% são mulheres. Neste campo, o panorama agrava-se em países do Médio Oriente e do Norte de África. Para que a igualdade política seja consolidada, serão necessários 107 anos.
O setor da educação é o que mais tem progredido: a desigualdade de género tem vindo a diminuir no acesso. Tendo em conta o balanço elaborado, é necessário apenas que seja ultrapassada uma margem mínima de 5% para que a equidade plena seja conquistada. Simplificando: serão precisos 14 anos para erradicar as desigualdades na educação, a nível global.
A mesma evolução tem-se feito sentir no setor da saúde. Neste campo, a maioria dos países tem conseguido igualar as oportunidades para homens e para mulheres. Segundo o Fórum Económico Mundial, em 2018, registaram-se mais progressos do que retrocessos em relação à igualdade de géneros. No entanto, ainda existe um longo caminho a ser percorrido.
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