“Resgatei as abelhas lá da minha infância”. Foi assim que Pedro Arruda, 62 anos, morador da cidade de Palmas, capital do Tocantins – norte do Brasil -, iniciou o relato de sua trajetória de amor pela criação de abelhas. Dedicando-se, há cinco anos, às espécies nativas sem ferrão – os chamados meliponíneos -, hoje são 50 as colmeias espalhadas pelo quintal de casa.
No total, Arruda tem colônias de seis espécies em seu meliponário: uruçu, tiúba, tubi-brava, tubi-mansa, moça-branca e a famosa jataí, a “abelha-ouro”, assim conhecida pela beleza de sua coloração.
A doçura das abelhas na memória afetiva
Quando jovem adulto, Pedro Arruda saiu da zona rural e foi para a cidade trabalhar como bancário – profissão que exerceu até se aposentar. No período, não teve mais contato próximo com as abelhas. “Mas o mel da tiúba, colhido direto da floresta, marcou minha memória de infância. Um sabor único, que eu nunca esqueci”, conta.
Foi durante um passeio a Miracema, interior do Estado, que adquiriu sua primeira caixa de melíponas, junto a um produtor local. “Comprei mais para passar o tempo. Tinha acabado de me aposentar, estava com alguns problemas de saúde na época. Quando vi, fui aumentando a coleção, até chegar a este monte de caixa que você está vendo!”, aponta, com orgulho, para as colmeias.
Dedicação às espécies é diária
Os cuidados com as caixas são diários e começam no raiar da manhã, junto com o despertar das abelhas que, na função de campeiras, saem das colmeias para coletar pólen. Entre as atividades, o meliponicultor verifica a qualidade e movimentação dos enxames – se há pragas, fungos, formigas atacando as colônias -, dá uma “forcinha” a elas na limpeza das colmeias, provê alimentação extra em épocas de pouca florada, entre outros cuidados.
Se é difícil cuidar sozinho de tantas abelhas? “Não é difícil, mas exige disciplina, trabalho – que é o que também nos ensinam as abelhas”, explica ele. “O desafio maior é o clima da região. Há épocas de muito sol, pouca água. Ainda, épocas de menor floração”.
Tamanha dedicação não busca retorno comercial, já que Arruda não vende o mel produzido por elas. “Eu as crio por amor, porque me fazem bem, mas, antes de tudo, eu crio abelhas observando a necessidade da natureza”, finaliza o criador.
Quer ajudar as abelhas? Comece com um jardim!
Por Gihane Scaravonatti – UFT