A potência da criatividade: um olhar sobre Maputo
Maputo não é uma cidade grande, não nos termos que alguém do Brasil está acostumado a ver. Com seus pouco mais de 1 milhão de habitantes e prédios majoritariamente baixos, tem ares de cidade pequena grande ou cidade grande pequena. Essa impressão fica já ao chegar ao aeroporto e a caminhada a pé até as bagagens. Do lado de fora, taxis amarelos enfileirados, sem taxímetro, acertando o preço ali na hora. A garantia de se confiar no outro.
O centro da cidade pode ser percorrido em um dia, tal como os pontos turísticos. Parece haver pouco trânsito e a sensação de insegurança –quando há- é mais pelo vazio e pouca iluminação das ruas, do que por ameaças reais. A cidade parece pequena em muitos aspectos, mas de várias maneiras não é. Na produção e profusão cultural, definitivamente não.
Não é à toa que foi o palco do workshop Criatividade e Empreendedorismo – Descobre o potencial das Indústrias criativas!, organizado pela INOVA+, em parceria com a ANIMA Estúdio Criativo e o Camões – Centro Cultural Português. Potencial e criatividade são duas características que conseguem definir bem o cenário do setor cultural moçambicano.
O empreendedorismo é um caminho tortuoso, em que não há fórmulas prontas, nem segredos capazes de ser vendidos. Entretanto, algumas noções sempre valem ser compartilhadas, a partilha é uma das principais. Assim, durante dois dias de treinamento e diálogos intensos trabalhou-se a importância da parceria, as estratégias de networking e as maneiras de aumentar e potencializar vozes diferentes que buscam objetivos em comum.
Da minha parte, foi a oportunidade que tive de viajar por Moçambique para além da capital e conhecer o que acontecia em Xai-Xai, Lichinga ou Nampula. Entender também que fragilidades institucionais e excesso de burocracia são capazes de arrefecer sonhos e projetos, mas jamais de enterrá-los. Uma experiência rica, em todos os sentidos.
Do ponto de vista institucional, o mais interessante não foi ver a fala oficial dos órgãos ministeriais lá presentes, mas sim conseguir ver o diálogo aberto e direto do cidadão empreendedor com as instâncias que existem para o amparar.
Daqueles momentos que acontecem em pequenas brechas que só nesse tipo de encontro é possível experimentar. Para um primeiro encontro, foi uma excelente primeira impressão. Fica em mim a vontade de voltar, conhecer mais e descobrir as nuances que aparecem apenas com a vivência mais consistente consegue oferecer. De resto, como se diz por aqui, a cena na cultura é maningue nice.
1 Comentário
Muito interessante o relato sobre este momento de incentivo à criatividade e ao diálogo em Maputo!
Gostaria de ler mais sobre o trabalho que levou a autora ao workshop
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