Cultura

A lusofonia chegou à rua: Festival Conexão Lusófona, 3ª edição

A lusofonia invadiu a rua e juntou mais de cinco mil pessoas no Largo do Intendente na terceira edição do Festival da Conexão Lusófona. Dez artistas trouxeram ao palco o melhor da música dos países de língua portuguesa, num concerto repleto de animação e muita conexão: em lugar de uma série de shows individuais, o programa contou com uma sequência de atuações conjuntas.

(Imagens: Alfredo Matos Fotografia)

Projecto Kaya e Paulo de CarvalhoLançadas no mundo da pop, Andrea Soares e Liliana Almeida, do Projecto Kaya, abriram o concerto com a já famosa Fangolé, que mescla o fado português e o semba angolano. Uma mistura que bem representa a proposta do festival como um todo.

Logo após, receberam no palco Paulo de Carvalho para cantarem Ai se um Dia, poema da cabo-verdiana Vera Duarte por ele musicado. Em seguida, o cantor interpretou Um Beijo à Lua. Uma das figuras principais da luta pela democracia em Portugal, Paulo de Carvalho era presença obrigatória no ano em que se completam 40 anos do 25 de Abril.

 

Paulo Flores e Kiari Flores

A voz da experiência soou no dueto de Paulo de Carvalho e Paulo Flores, no clássico Meninos do Huambo, da autoria do angolano Ruy Mingas. O kota Paulo Flores seguiu em palco com o tema Ser da Lata e logo após com Mama Lélé desta vez, na companhia do filho, Kiari Flores.

– O momento com o meu filho foi muito especial. Ele costuma estar no palco para tocar percussão, mas esta foi a primeira vez que cantou comigo – revelou. O jovem Kiari mostrou intimidade com o microfone e encantou quem lá esteve para presenciar sua primeira atuação como cantor.

 

Lura e Paulo Flores

Na sequência, Paulo Flores recebeu a cabo-verdiana Lura para mais um encontro inédito na música. De mãos dadas, interpretaram É só o ma bô.

– A atuação ao lado de Paulo Flores foi o ponto alto do concerto. Este encontro com outros artistas é sempre muito bom. Nós andamos sepre pelo mundo em uma vida um bocado solitária, então poder trocar impressões com os artistas dos países-irmãos é sempre um encontro enriquecedor – conta a cantora.

A menos de um mês após retornar aos palcos portugueses, Lura emocionou o público com Raboita di Rubon Manel e fez todo mundo dançar com as enérgicas Vasulina e M bem di fora.

Patche di Rima
O guineense Patche di Rima manteve a animação em alta e levantou o público com Guiné ten ku tene paz. Patche é o atual ídolo da juventude guineense e deu-nos a conhecer o estilo Siko, que, nas suas palavras, é “um convite para uma nova abordagem da identidade cultural e da responsabilidade coletiva no desenvolvimento da África em geral e da Guiné-Bissau em particular”.

 

 

 

Calema

 

Sucesso nas Redes Sociais, os Calema subiram ao palco para mostrar o encanto de São Tomé e Príncipe. Acompanhados só de uma guitarra e de um cajon, António e Fradique cantaram um medley de dois temas do seu primeiro álbum de originais, que manteve o público a dançar.

– Foi uma experiência única onde os laços que nos uniam à lusofonia ficaram mais fortes e essa conexão deu mais groove a nossa voz – contam os Calema.

 

António Zambujo

 

 

Kay Limak trouxe com a sua guitarra uma mistura de estilos orientais com origens em Timor-Leste. Um magnífico momento instrumental em que a plateia se deixou envolver pela boa energia do povo maubere.

 

 

 

Stewart Sukuma

 

 

As milhares de pessoas que lotavam o Intendente dançaram ao ritmo da boa disposição de Stewart Sukuma com a sua Xitchuketa Marrabenta. Vindo de Moçambique especialmente para representar o País neste festival, o cantor apresentou ainda Bata Batata e Poema do Semba, esta última ao lado do angolano Paulo Flores.

 

 

António Zambujo e Luís RepresasInicialmente sozinho no palco, António Zambujo mostrou o que tem de melhor com a envolvente Lambreta. Em seguida interpretou Zorro acompanhado de Luís Represas, a quem localizou na plateia pouco antes de subir ao palco e convidou para um dueto-surpresa.

– Apesar de ter sido a primeira vez que participei, já acompanho há algum tempo o projeto. Só não entrei antes porque não conseguia conciliar a agenda, então participar este ano foi mais que bom, foi inevitável. Encontrei o Luís Represas pouco antes de entrar no palco e pronto! Já tínhamos feito um concerto no Castelo de São Jorge há alguns anos, então desafiei-o a cantar Zorro comigo. Isso revela um bocadinho do espírito do festival, que é a partilha, a cumplicidade entre os músicos e toda a equipa que está lá nos bastidores – explicou o artista.

Couple Coffee

 

A ginga brasileira foi representada pelos Couple Coffee. Participando pela segunda vez no festival (estiveram também na primeira edição, em 2012), Luanda Cozetti e Norton Daiello começaram sua participação acompanhados de Zambujo, em Último Desejo, de Noel Rosa.

Tanto Mar, de Chico Buarque, escrita em homenagem à Revolução dos Cravos e Vampiros, de Zeca Afonso, lembraram os 40 anos do 25 de Abril.

 

O espetáculo teve a direção musical assinada por P.L.I.N.T (Pablo Lapidusas International Trio), formado por Pablo Lapidusas (piano), Marcelo Araújo (bateria) e Leo Espinoza (baixo) e produção musical a cargo da EKAYA Productions. Para enriquecer ainda mais o concerto, a banda contou ainda com a participação dos músicos João Ferreira (percussão), Mucio Sa (guitarra, cavaquinho e guitarra portuguesa) e Joni Schwalbach (teclas e samplers).

Artistas interpretam Sodade em conjunto
A música Sodade, da diva dos pés descalços Cesária Évora, foi a escolhida para fechar o evento, em uma homenagem aos 39 anos de Independência de Cabo Verde. Lura comandou a música, acompanhada dos demais artistas.

– Celebrar a independência de Cabo Verde com estes artistas é uma confirmação dos passos que damos em direção à liberdade de expressão. É uma excelente forma de comemorar, ao lado dos meus manos de países que passaram pelos mesmos desafios que os cabo-verdianos na luta pela liberdade – explicou Lura.

Os artistas ainda voltaram todos ao palco, desta vez acompanhados da equipa da Conexão Lusófona para cantar Venham mais Cinco de Zeca Afonso.

Após o concerto, Laura Vidal, presidente da Conexão Lusófona, deixou uma mensagem de agradecimento aos artistas: “Quando fundamos a Conexão Lusófona, estávamos certos de que devíamos fazer esta construção de mãos dadas com os artistas de todos os nossos países pelo papel importantíssimo e fundamental que a cultura tem na aproximação dos povos e na construção de uma Comunidade de afetos, forte, ligada e unida na sua diversidade. Este é o poder da cultura. Os artistas da lusofonia são a nossa maior inspiração e esperamos continuar a contar com eles nesta nobre caminhada”.

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