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A indústria cosmética brasileira usa químicos que são proibidos na Europa e nos EUA

Os cosméticos não são apenas cremes e maquilhagem. Na verdade, englobam produtos de utilização mais alargada e diária, como desodorizante, sabonete e hidratantes dos mais variados tipos. Contudo, para garantir a entrada de cada um destes produtos no mercado – sendo que são fabricados por mais do que uma marca – há um forte envolvimento das entidades reguladoras, que serve para assegurar o cumprimento de todas as normas legais na lista de ingredientes, tipicamente acessíveis ao público generalista através dos rótulos.

 

Ao longo do tempo, a investigação na área permitiu identificar alguns malefícios associados a determinadas substâncias, por isso, é normal que algumas das que são proibidas hoje não o tenham sido desde sempre. O ritmo das descobertas pode ser alucinante, o que significa que a atualização das informações, feita pelas entidades reguladoras, deve ser tida como uma prioridade; trata-se de uma tarefa que deve ser cumprida de forma rápida para, assim, poder assegurar o travão necessário às substâncias que se revelam prejudiciais para o consumidor.

 

De acordo com a BBCa União Europeia possui uma listagem com mais de 1.300 substâncias proibidas, que é atualizada segundo as últimas análises sobre a segurança dos ingredientes. Nenhuma delas pode penetrar o mercado sem antes ser comprovada como segura. No Brasil, o equivalente a este controlo é feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que segue a legislação europeia mas falha na agilidade com que atualiza a sua listagem – bem como no controlo do cumprimento das suas normas. Por isso, permanecem na indústria cosmética brasileira alguns químicos que já foram banidos do Velho Continente e, também, dos Estados Unidos da América.

 

CONHEÇA ALGUNS

 

Triclosan

 

Este agente bacteriostático pode ser encontrado na lista de ingredientes de um sabão doméstico, por exemplo. Além de não ser comprovadamente seguro para a saúde do consumidor, pode também levar ao surgimento de outras bactérias e à contaminação do ambiente, uma vez que o seu uso excessivo pode matar as bactérias mais fracas, deixando as mais fortes como sobreviventes que depois se reproduzem.

 

A Anvisa permite uma concentração de até 0,3% desta substância em produtos de higiene pessoal, o que significa que, no Brasil, a sua circulação continua ativa neste preciso momento.

 

Parabenos

 

Creme de barbear, creme hidratante, champô e lubrificantes são apenas alguns exemplos de produtos aos quais este químico costuma estar associado. Serve a função de conservar, o que basicamente impede que os cosméticos que compramos acabem deteriorados por micro-organismos (às vezes manifestados em forma de bolor). O uso de parabenos no Brasil é controlado por uma norma que impede que a substância esteja presente além de um determinado teor máximo, que muda conforme a área de aplicação do produto no qual esta se insere.

 

VEJA TAMBÉM

 

Ftalatos

 

Estes compostos químicos derivam do ácido ftálico e servem para tornar o plástico mais maleável. São tidos como cancerígenos, potencialmente prejudiciais para a saúde, em especial para o fígado, os rins, os pulmões e o sistema reprodutivo. Não há qualquer garantia sobre a segurança desta substância, mas esta pode constar no rótulo de alguns cosméticos usados no Brasil.

 

Formol é um caso especial, porque felizmente já é proibido em território brasileiro. A Anvisa permite o uso da substância apenas como agente de conservação e até ao teor máximo de 0,2%. Claro que tal não impede que os fabricantes infrinjam a lei, até porque foi isso mesmo que aconteceu em março de 2018 – a Anvisa proibiu a comercialização de quatro produtos que continham mais formol do que o limite legal permitido.

 

Este químico é considerado cancerígeno pela IARC (Agência Internacional para a Pesquisa do Cancro), uma vez que, em altas concentrações, se inalado durante a aplicação de um produto que o contenha pode causar cancro nas vias respiratórias.

 

Há muitos produtos comercializados no Brasil que não poderiam ser vendidos na Europa ou nos EUA (Imagem: Reprodução Rawpixel)

Infelizmente, estes exemplos dentro da indústria cosmética brasileira são apenas uma pequena parte da lista de substâncias proibidas, na Europa e nos Estados Unidos da América, que ainda fazem parte do comércio nacional. Também no setor agropecuário e farmacêutico são muitos os produtos que se podem revelar nocivos para a saúde pública; a ameaça parece ser tanta, que chegou ao ponto de levar a imprensa internacional a denunciar a situação – como foi o caso do jornal francês Le Monde, que chamou aos pesticidas o “tempero favorito” dos brasileiros.

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